A
árvore que falava
Longe, muito
longe… bem no coração da savana, vivia uma árvore maior e mais
velha do que qualquer outra.
Abrigava, sob
a sua corcha, toda a sabedoria de África.
A seus pés,
por entre as altas ervas, a leoa espiava o antílope ou a zebra que
se tinham afastado do grupo. Como era a única árvore das
redondezas, os pássaros, que se empoleiravam nos ramos mais altos,
conheciam-na bem. Também as girafas, que comiam as folhas dos ramos
do meio, a conheciam. E os leões, que se estendiam sob os ramos
baixos para fazerem a sesta…
E assim a
árvore conhecia todos os segredos dos pássaros, dos leões, das
girafas, das zebras e de muitos outros animais. É que ela escutava
com todas as suas folhas.
Até os homens
vinham sentar-se debaixo dela no momento das grandes decisões,
discutindo os assuntos sérios à sombra dos seus ramos.
A árvore
sabia mais sobre o povo dos homens do que o mais velho dos anciãos e
o mais sábio dos sábios. Porque ela sabia calar-se, enquanto eles
gostavam de falar.
Mas a árvore
não guardava para si o seu saber: àqueles que tinham os ouvidos
atentos, ela murmurava, em confidência, a resposta a muitas
questões.
Quando os seus
filhotes estavam suficientemente grandes para voar, as andorinhas, as
cotovias e os estorninhos tinham por hábito levá-los até à
árvore. Ao cair da noite, esta enchia-se de chilreios. Passado algum
tempo, com três bicadas, os pais faziam calar os mais palradores. E
cada um escutava o murmúrio que subia da raiz mais profunda até ao
raminho mais alto.
No dia
seguinte, os jovens sabiam um pouco mais da arte de voar em
ziguezague para enganar as aves de rapina que mergulham sobre as
presas. E a águia ou o milhafre regressavam às montanhas de mãos a
abanar, perguntando-se por que milagre todos os passarinhos daquele
canto da savana se tinham tornado, de repente, tão espertos!
E cada
girafinha que partia a mascar um punhado de folhas da árvore ficava
a saber um pouco melhor como evitar a leoa que caçava. E,
misteriosamente, cada leãozinho, depois da sesta ao pé da árvore,
desconfiava um pouco mais do riso da hiena que rondava à procura de
uma presa fácil.
Mas os homens,
esses, partiam tão sisudos e estúpidos como tinham vindo, e a sua
tagarelice nada lhes tinha ensinado porque não sabiam escutar.
Eram
orgulhosos e arrogantes. Incendiavam a savana com os seus fogos e
matavam mais animais do que aqueles que precisavam para se alimentar.
Matavam-se até uns aos outros. E chamavam a isso «a guerra». A
árvore falava-lhes, como a todos, mas os homens não a escutavam.
Por causa deles, a árvore ficou triste. Pela primeira vez, sentiu-se
velha e cansada. Se pudesse, ter-se-ia deitado para esquecer. Mas
quando se é uma árvore, é preciso ficar de pé a recordar…
Foi então que
as suas folhas amareleceram e secaram e, em breve, ficou nua no meio
da savana. Os pássaros começaram a desdenhar dos seus ramos e os
leões e as girafas também, porque ela deixou de lhes falar.
E todos diziam
que ela estava morta.
* * *
Por muito
tempo a árvore seca ficou de pé. E parecia que nada viria alguma
vez a mudar… O milhafre da montanha estava contente e as hienas
riam-se. A leoa perdeu um leãozinho, a girafa uma girafinha e a
andorinha, três passarinhos que mal sabiam voar.
Mas, uma
manhã, veio um pequeno homem com um ar decidido. Tinha o olhar de
uma criança, e esse olhar não reflectia nem fogo nem sangue. As
suas mãos não agarravam nem arco nem zagaia. Contudo, era um homem.
Parou ao pé
da árvore seca, estendeu os braços e, com as pontas dos dedos,
tocou no tronco, muito devagar, ao de leve, como se acordasse alguém
que dorme. A corcha estremeceu. E a voz do pequeno homem subiu ao
longo da árvore, terna como um cântico muito antigo. O homem falava
à árvore, cheio de simplicidade. Depois, calou-se. E encostando a
orelha ao tronco, escutou. O vento nos ramos parecia formar palavras
e frases. E quanto mais a árvore falava, mais a expressão do homem
se iluminava.
Quando a
árvore terminou, o homem partiu. Quando voltou, trazia um machado
aos ombros. Uma vez perto da árvore, levantou a cabeça em direcção
aos ramos e murmurou algumas palavras em tom de desculpa. Depois,
firme nas suas pernas, com o cabo do machado bem preso nas mãos,
começou a cortar o tronco.
E a madeira
ressoou na savana, até aos limites do deserto e das montanhas.
Cada pássaro,
cada leão e cada girafa reconheceram a voz da velha árvore.
Todos
acorreram para junto dela, mas apenas encontraram um cepo e algumas
aparas espalhadas pelo solo.
É que o
pequeno homem, ajudado por alguns da sua aldeia, tinha levado a
árvore até casa. E, com medo dos homens, os animais não se
atreveram a segui-lo.
Uma vez
chegados à aldeia, o homem pôs-se a trabalhar. Tinha uma grande
ideia: para que a voz de madeira da velha sábia percorresse de novo
a savana, iria fazer um tantã.
Um tantã mais
sonoro e maior do que qualquer outro. Suficientemente longo para que
todos os homens da tribo pudessem tocar em conjunto.
Quando o homem
pegava de novo no machado para podar os ramos e deixar, assim, o
tronco livre, aqueles que tinham carregado a árvore com ele
fizeram-lhe sinal que parasse:
— Pequeno
homem, nós ajudámos-te — disseram os homens fortes com as suas
vozes grossas. — O nosso trabalho deve ser pago.
— Mas… com
que é que vos vou pagar? Eu não tenho nada, bem sabem!
— Deixa-te
disso! — insistiram os homens fortes. — Trouxemos a tua árvore,
dá-nos a nossa parte.
— Não pode
ser — protestou o homem. — É preciso que o tronco fique inteiro
para o tantã. Se não, como é que a tribo poderá tocar?
Os homens
obstinavam-se a reclamar a sua parte da madeira e o assunto foi
levado ao Conselho dos Anciãos.
* * *
Era uma
assembleia de homens muito velhos e muito tagarelas. Sempre prontos a
pronunciar uma sentença ou um julgamento, tanto a propósito do que
conheciam como do que ignoravam. Nada lhes agradava mais do que
reunirem-se quando lhes pediam um conselho, e também quando não
lhos pediam! Ora, o Conselho tinha por hábito reunir-se debaixo da
grande árvore, e os velhos sentiam-se desamparados… pois a árvore
tinha sido cortada! O mais velho dos Anciãos, um pequeno velhinho
com a face enrugada como uma ameixa seca, agitou o cachimbo por cima
da cabeça e tomou a palavra:
— O Conselho
não se pode reunir por falta de um lugar adequado.
E expeliu uma
baforada do seu cachimbo.
Os outros
membros do Conselho, sentados em círculo, aprovaram com um movimento
de cabeça, expeliram, cada um, uma baforada do seu cachimbo e
guardaram silêncio.
Os homens
fortes, que queriam a sua parte da árvore, e o pequeno homem, que
nada queria, não sabiam o que fazer.
Impaciente por
começar o trabalho, o homem avançou para dentro do círculo,
curvou-se respeitosamente diante do mais velho dos Anciãos:
— Digam-me
apenas se posso começar o meu trabalho, já que estais aqui
reunidos.
— É verdade
que estamos aqui — respondeu o Ancião. — Mas o Conselho não
está reunido. Por isso, não pode dar a sua opinião.
Expeliu uma
outra baforada e calou-se.
Os homens
fortes, impacientes por levar a madeira que lhes cabia,
inclinaram-se, por sua vez, diante dos Anciãos e disseram:
— Digam-nos
apenas se podemos pegar na nossa parte.
O Ancião nem
se deu ao trabalho de responder. Limitou-se a expelir uma baforada do
cachimbo e permaneceu em silêncio.
Mas o mais
forte, que também era o mais impaciente, deu um passo em frente.
De imediato, o
velho homem largou o cachimbo e, com uma voz trémula, acrescentou
precipitadamente:
— O Conselho
vai reunir… para decidir onde terá lugar o próximo Conselho.
O discurso
enfadonho que se seguiu poderia ter durado até ao final dos tempos,
se o Conselho não tivesse acabado por decidir… que decidiria mais
tarde!
De seguida, os
velhos aconselharam o pequeno homem a dar aos homens fortes o que
eles pediam. Depois, reclamaram, por sua vez, um pedaço da árvore
como recompensa pelo sábio conselho. E o pequeno homem assim o fez,
porque era costume dar uma prenda aos Anciãos, como agradecimento
pelos seus conselhos.
E cada um se
apressou a serrar, a rachar e a atar.
E o pedaço de
árvore não tardou a transformar-se em achas, toros e feixes para
queimar. Os homens acendiam fogueiras à volta da aldeia para manter
afastados os animais selvagens. Ignoravam que os animais tinham ainda
mais medo deles do que das suas fogueiras.
* * *
Um pouco
desiludido, o pequeno homem reparou na diminuição do tronco, mas
disse para si mesmo que, apesar de tudo, ainda chegava para fazer um
bom tambor para a tribo.
Lançou-se ao
trabalho, cheio de coragem. O machado, no entanto, não era muito
adequado para o descortiçamento, por isso decidiu ir a casa de um
vizinho pedir emprestado um podão, cuja lâmina curvada faria melhor
o serviço. Como era hábito, o vizinho estava a fazer a sesta e o
pequeno homem acordou-o para lhe fazer o pedido.
— Ah! És
tu? — disse o vizinho, bocejando como um hipopótamo. — O que
queres de mim?
— Podias
emprestar-me o teu podão? — perguntou muito educadamente o pequeno
homem.
— Eh! —
respondeu o vizinho, tão amável quanto um crocodilo a quem
interromperam a digestão. — Não me deixas dormir com esse barulho
todo… E ainda por cima queres que te empreste o meu podão! E se eu
precisar dele?
— Mas… é
só por um dia! Amanhã já terei acabado!
— O que me
dás em troca?
— Sabes bem
que não tenho nada de meu.
— Ah não? E
essa árvore? É tua, não é?
— Sim, mas…
— começou o pequeno homem.
— Pois bem,
dá-me um pedaço para alimentar a minha fogueira e emprestar-te-ei o
meu podão.
Assim se fez,
já que mais ninguém na aldeia tinha a ferramenta de que o pequeno
homem precisava.
Um pouco
desiludido, atentou no tronco, agora mais pequeno. No entanto, havia
ainda madeira para fazer um tantã para a tribo.
Lançou-se ao
trabalho, cheio de coragem. E o descortiçamento depressa terminou.
Mas, quando
quis cavar o tronco, apercebeu-se de que não tinha cinzel para o
fazer.
De certeza que
o vizinho tinha um, mas será que lho emprestaria sem reclamar mais
um pedaço da árvore?
Infelizmente,
mais ninguém da aldeia tinha cinzel. E era preciso acordar novamente
o hipopótamo, amável como um crocodilo.
— Tu, outra
vez! — bocejou o vizinho. — O que queres?
— Desculpa —
disse o pequeno homem com a sua voz gentil. — Vim devolver-te o
podão… e pedir-te, em troca, um cinzel, se fazes o favor.
— Em troca?
— zombou o vizinho. — Não há troca nenhuma porque o podão é
meu. Dá-me um pedaço de madeira para a minha fogueira e
emprestar-te-ei o meu cinzel.
* * *
Assim foi
feito. E o pequeno homem, um pouco desiludido, atentou no tronco
muito curto. Ainda podia fazer um bonito tantã, não para toda a
tribo, mas, mesmo assim, um bonito tantã. Cheio de coragem, meteu
mãos à obra e depressa cavou o tronco. Faltava apenas endurecê-lo
ao lume, para que fosse mais sólido e para que o seu som chegasse
mais longe.
Mas o pequeno
homem não tinha fogueira e já havia dado tanta madeira aos outros
que não possuía o suficiente nem para atear um fogo. Claro que a
fogueira do vizinho crepitava, um pouco mais longe, mas não ousava
acordá-lo pela terceira vez.
Foi então pedir aos homens fortes a
permissão de passar o seu tantã pelo fogo.
— De acordo,
— disseram eles — mas com a condição de pores uma acha na nossa
fogueira, como todos fazem.
— Mas… já
não tenho madeira, já vos dei tudo! — respondeu.
— Ah sim? E
isto, isto não é madeira? — perguntou o mais forte dos homens
fortes, indicando o pequeno tantã.
Com a morte na
alma, o pequeno homem teve de se resolver a cortar um pedaço do
tantã antes mesmo de lhe ter ouvido a voz.
E quando
pensou naquilo que lhe restava do imenso tronco que a árvore lhe
tinha dado, esteve quase para se sentar a chorar e abandonar o seu
belo projecto.
Mas caiu de
novo em si e disse para si mesmo que, apesar de tudo, se não
chegasse para um tantã, chegaria para fazer um grande tambor.
Cheio de
coragem, meteu mãos à obra e o que restava do tantã foi
rapidamente convertido em djembé.
(Djembé
é o nome que se dá em África a esta espécie de tambor). Mas o
pequeno homem apercebeu-se de que lhe faltava uma pele de cabra para
o tambor.
Partiu então
à procura do rebanho de cabras. A rapariga que as guardava era ainda
quase uma criança, e o pequeno homem pensou que seria mais fácil
falar com ela.
— Bom dia —
disse à criança.
— Bom dia —
respondeu ela. — És tu que dás madeira a toda a gente em troca de
uma ferramenta ou de lume?
— Sim, quer
dizer… — começou ele.
— O que
queres de mim? — interrompeu a criança.
— Apenas uma
pele de cabra, uma daquelas que tens por aí. Mas já não tenho
madeira para te dar.
— É pena —
disse a rapariga. — Porque também eu necessito de um pouco de
madeira. Para afastar os leões do meu rebanho não há nada melhor
do que uma boa fogueira, disseram-me os Anciãos.
— Oh, por
favor, dá-me uma pele. Bem vejo que não te fazem falta — suplicou
o pequeno homem.
— Pelo
contrário, as minhas peles, troco-as por madeira! — retorquiu a
criança.
E, como mais
ninguém na aldeia tinha peles de cabra, o homem foi obrigado, uma
vez mais, a cortar um pedaço do tambor.
* * *
A pele de
cabra era dura e seca, frágil como uma corcha. Antes de a colocar no
tambor, era preciso macerá-la, fervê-la, esticá-la, batê- la,
para a tornar mais suave e tão sólida como o couro.
Só faltava
levá-la ao curtidor.
Aquele que
curtia todas as peles da tribo morava sozinho fora da aldeia, perto
do rio. O seu trabalho requeria muita água. E os outros não tinham
querido que ele se instalasse perto, devido ao cheiro insuportável
das peles molhadas.
Mas, por mais
longe que o curtidor morasse, também ele tinha ouvido falar da
árvore abatida. Por sua vez, reclamou uma parte, como prémio do seu
trabalho.
— Mas já
não há nenhuma árvore! — lamentou-se o pequeno homem. Ficou
apenas um tambor!
— De acordo
— concluiu o curtidor. — Contentar-me-ei com um bocado do tambor.
E o pequeno
homem cortou e deu-lhe a madeira, e a pele foi curtida, seca e ficou
pronta a ser colocada no djembé.
Quando quis
esticá-la, deu-se conta de que lhe faltava uma corda para o fazer.
Foi então à
procura daquele que na aldeia melhor sabia entrançar cordas. É que
a corda que estica a pele de um djembé
tem de ser sólida.
Tal como os
outros, o entrançador de cordas pediu um pouco de madeira. Apesar
dos seus protestos e lamentos, o pequeno homem nada conseguiu. E o
tambor ficou ainda mais pequeno.
Regressou a
casa perturbado, com a corda ao ombro. Ao ver o tambor tão pequeno,
perguntou-se se teria valido a pena o trabalho.
Depois,
recordou a árvore que se erguia no meio da savana. Lembrou-se da
promessa que lhe tinha feito e sentiu de novo coragem. Depressa a
pele de cabra foi colocada no djembé,
em arco, e muito esticada por uma rede de nós sólidos e
complicados.
* * *
O homem olhou
para o seu djembé,
finalmente pronto! Claro que era um djembé
muito pequenino, bem diferente daquele tantã que ele quereria ter
talhado e no qual toda a tribo teria tocado em conjunto. No entanto,
o homem não ficou decepcionado, porque era um belo djembé:
esculpido, polido, suficientemente largo para as suas pequenas mãos,
e suficientemente grande para lhe caber entre os joelhos. Então,
quis experimentá-lo. Com as palmas e os dedos pôs-se a tocar. E a
voz que saía deste tambor, tão pequenino que mais parecia um tambor
de criança, era ampla e vasta e profunda como a floresta.
O homem
sentiu-se arrebatado e as suas mãos continuaram a tocar… E a voz
imponente do pequeno djembé
estendeu-se a toda a aldeia e à savana inteira.
Um por um,
todos os membros da tribo aproximaram-se dele. Tinham vindo todos:
desde o mais ancião dos Anciãos à pequena guardadora de cabras, do
mais forte dos homens fortes ao vizinho crocodilo. Tinham deixado as
suas fogueiras, as suas conversas enfadonhas e as suas sestas, para
formar um círculo em redor do pequeno tambor. E faziam silêncio.
Do pequeno
djembé
elevavam-se palavras e frases que diziam toda a savana: o medo da
zebra que foge à azagaia do caçador ávido, o sofrimento da erva
que curva perante a chama acesa pelo homem, a doçura do vento que
murmura nos ramos da árvore… E os homens escutavam. Eles, que só
pensavam na caça, na guerra e nas fogueiras, faziam silêncio.
Assim, até
aos limites da montanha e do deserto, cada pássaro, cada leão e
cada girafa reconheceram a voz da velha árvore. E, graças às mãos
do pequeno homem, todos partilharam de novo o seu saber, por muito
tempo ainda. Porque, ao som do djembé,
o cepo da antiga árvore germinou. Do jovem rebento brotou uma nova
árvore.
E, sob a sua
corcha de árvore, corria a seiva da sabedoria de África.
A seus pés,
por entre as ervas altas, a leoa espiava o antílope ou a zebra que
se tinham afastado do grupo. Os pássaros, que se empoleiravam nos
ramos mais altos, conheciam-na bem. E as girafas, que comiam as
folhas dos ramos do meio, e os leões, que se estendiam sob os ramos
baixos para fazerem a sesta.
Até os
homens…
Do
SpillersL’arbre qui
parle
Toulouse, Milan Poche,
1999
tradução e adaptação